HA CEBEP | NA SEVER | PARA O NORTE | TO THE NORTH

segunda-feira, 30 de março de 2009

Você deve enfrentar Gazebo sozinho!

ED: You see a well groomed garden. In the middle, on a small hill, you
see a gazebo.
ERIC: A gazebo? What color is it?
ED: (Pause) It's white, Eric.
ERIC: How far away is it?
ED: About 50 yards.
ERIC: How big is it?
ED: (Pause) It's about 30 ft across, 15 ft high, with a pointed top.
ERIC: I use my sword to detect good on it.
ED: It's not good, Eric. It's a gazebo.
ERIC: (Pause) I call out to it.
ED: It won't answer. It's a gazebo.
ERIC: (Pause) I sheathe my sword and draw my bow and arrows. Does it
respond in any way?
ED: No, Eric, it's a gazebo!
ERIC: I shoot it with my bow (roll to hit). What happened?
ED: There is now a gazebo with an arrow sticking out of it.
ERIC: (Pause) Wasn't it wounded?
ED: OF COURSE NOT, ERIC! IT'S A GAZEBO!
ERIC: (Whimper) But that was a +3 arrow!
ED: It's a gazebo, Eric, a GAZEBO! If you really want to try to
destroy it, you could try to chop it with an axe, I suppose, or you
could try to burn it, but I don't know why anybody would even try.
It's a @#$%!! gazebo!
ERIC: (Long pause. He has no axe or fire spells.) I run away.
ED: (Thoroughly frustrated) It's too late. You've awakened the gazebo.
It catches you and eats you.
ERIC: (Reaching for his dice) Maybe I'll roll up a fire-using mage so
I can avenge my Paladin.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

I'm at sixes and sevens
in the shade of thy heavens
No moon, nor sun
Meridian
prevail in my oblivion

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Saudade

Moriel descobriu o cemitério da Saudade.
"A rainha está encantada!"

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Conto de fadas da mãe - Marina Tsvetaeva

- Mamãe, quem você ama mais: Mússia ou eu? Não, não diga que é a mesma coisa, mesma coisa não existe, alguém é sempre um pouqi-inho mais, o outro não menos, mas este um pouqui-inho mais! Juro que eu não vou me ofender (com um olhar vitorioso para mim), - se é Mússia.

Tudo, além do olhar, era a mais pura hipocrisia, pois e ela, e a mãe, e, o mais importante, eu, sabíamos perfeitamente – quem, e ela somente esperava a mortal para mim palavra, que eu, ruborizada, esperava com não menos tensão, mesmo sabendo que não chegaria a ouvir.

- Quem – mais? Mas por que necessariamente alguém mais? - com visível confusão (e visivelmente protelando) – a mãe. - Como é que eu posso amar mais você ou Mússia, já que vocês duas são minhas filhas. Pois isso seria injusto...

- Sim, - hesitante e decepcionada Ássia, engolindo já o meu olhar vitorioso. - Mas mesmo assim – quem? Então, um pouqui-inho, um pinguinho, migalhinha, pontinho – mais?

- Era uma vez uma mãe, e ela tinha duas filhas...

- Mússia e eu! - interrompeu Ássia rapidamente. - Mússia tocava melhor o piano e comia melhor, mas a Ássia... Mas Ássia, recortaram-lhe o apêndice, e ela por pouco não morreu... E ela, como a mamãe, sabia enrolar a língua num canudinho, e Mússia não sabia, e ela era de todo (com dificuldade e com orgulho) uma mi-ni-a-tu-ra...

- Sim, - confirmou a mãe, obviamente não tendo ouvido e continuando a inventar o próprio conto de fadas, ou, pode ser, pensando em algo totalmente diferente, sobre os filhos homens, por exemplo, - duas filhas, a mais velha e a mais nova.

- Mas a mais velha logo envelheceu, e a mais nova era sempre jovem, rica e depois se casou com o general, Excelência, ou com o fotógrafo Fisher, - continuava Ássia com excitação, - e a mais velha com o Ossip da casa de repouso, que tinha um braço seco, porque ele matou o irmão com um pepino. Sim, mamãe?

- Sim, - confirmou a mãe.

- E a mais nova depois ainda casou com o príncipe e o conde, e ela tinha quatro cavalos: Açúcar, Pepininho e Menino – um ruivo, outro branco, outro preto. E a mais velha – nesse tempo – envelheceu tanto, ficou tão suja e pobre, que Ossip expulsou ela da casa de repouso: pegou um pau e expulsou. E ela ficou vivendo no lixão, e comeu tanto lixão que virou um cachorro amarelo, e então uma vez a mais nova está andando de landeau e vê: tão pobre, asqueroso, amarelo cachorro está comendo um osso vazio no lixão, e – ela era muito, muito boa! - ficou com pena dele: "Entre, cachorrinho, na carruagem!", e aquele (com um olhar odioso para mim) – logo se enfiou – e os cavalos começaram a andar. Mas de repente a condessa olhou para o cachorro e viu sem querer que os olhos dele não são caninos, mas assim asquerosos, verdes, velhos, especiais – e de repente reconheceu que essa era a sua mais velha, velha irmã, e de uma vez jogou ela pra fora da carruagem – e aquela se quebrou em quatro pedaços em pedacinhos!

- Sim, - novamente confirmou a mãe. - Elas não tinham pai, somente a mãe.

- E o pai morreu – de diabete? Porque comia açúcar demais, e também confeitos em geral, diferentes bolos, cremes, sorvetes, chocolates, balas e esses bombons prateados com pinçazinhas, sim, mamãe? Apesar de Zahárin ter lhe proibido, porque tudo isso vai levar-vos ao túmulo!

- O que o Zahárin tem a ver, - repentinamente voltou a si a mãe, - isso foi há muito tempo, quando ainda não havia nenhum Zahárin, e nem médicos de modo geral.

- E o apêndice existia? A-pen-di-ci-te? Assim pequeno, pequeno intestino, totalmente cega e surda, e nela cai tudo: diferentes ossos, e as espinhas de peixe, e os caroços de cereja também, e os caroços da compota, e todas as unhas... Mamãe, e eu mesma vi como a Mússia comia o lápis! Sim, sim, ela não tinha um canivetinho, e ela afiava com os dentes, e depois engolia, ficava afiando e engolindo, e o lápis ficou muito pequeno, do jeito que depois ela até não podia desenhar e por isso me beliscou terrivelmente!

- Mentira! - rouquejei eu de indignação e surpresa. - Eu te belisquei, porque você na minha frente roia o meu lápis, com "Mússia" em nanquim.

- Ma-amãe! - choramingou Ássia, mas, pela pouca lucratividade do negócio, no mesmo instante mudou o percurso. - E quando o homem disse sim, e na boca – não, então o que é que ele disse? Ele então disse dois, sim, mamãe? Ele disse pela metade? Mas se nesse instante ele morrer, então aonde é que ele vai?

- Quem vai aonde? - perguntou a mãe.

- Para o inferno ou para o paraíso? O homem. Mentido pela metade. Para o paraíso?

- Hum... - pensou a mãe. - Aqui – não sei. Os católicos têm para isso o purgatório.

- Eu sei! - Ássia, comemorando. - O Dick do purgante, que deu de presente ao pequeno Lorde o estojo vermelho com ferraduras e cabeças de cavalo.

- E então, quando aquele bandido exigiu que ela escolhesse, ela, abraçando as duas de uma vez, disse...

- Mamãe! – começou a berrar Ássia. – Eu não sei nadinha do bandido!

- E eu sei! - eu, como um raio. - O bandido, ele é o inimigo dessa dama, essa mamãe que tinha duas filhas. E, é claro, ele matou o pai delas. E depois, porque ele era muito mau, quis também matar uma das meninas, primeiro as duas...

- Ma-amãe! Como a Mússia se atreve a contar o seu conto de fadas?

- Primeiro as duas, mas Deus lhe proibiu, então – uma...

- E eu sei qual! - Ássia.

- Não sabe, porque ele mesmo não sabia, porque para ele era a mesma coisa - qual, e ele só queria fazer um desgosto àquela dama – porque ela não se casou com ele. Sim, mamãe?

- Pode ser, - disse a mãe, prestando atenção, - mas isso nem eu mesma sabia.

- Porque ele estava apaixonado por ela! - eu estava comemorando, e já sem me conter: - E ele preferia ver ela no túmulo, do que...

- Que paixões africanas! - disse a mãe. - De onde você tirou isso?

- De Pushkin. Mas eu fui entregue ao outro, mas serei fiel a ele eternamente. (E depois de uma breve verificação.) Não, parece que é dos "Ciganos". (*)

- E para mim, do "Courier", que eu proibi você de ler.

- Não, mamãe, no "Courier" - é totalmente diferente. No "Courier" havia elfos, ou melhor sílfides, e eles giravam pela campina, e um rapaz, que pernoitava no monte de feno porque o pai dele o amaldiçoou, de repente se apaixonou pela sílfide mais importante, porque ela se parecia com a irmã de leite, que se afogou.

- Mamãe, o que é irmã de leite? - perguntou a amansada, esmagada pela minha superioridade Ássia.

- Filha da ama de leite.

- E eu tenho uma irmã de leite?

Mãe, para mim:

- Aqui.

- Eca! - disse Ássia.

- E Ássia, mamãe, não é a minha, verdade, mamãe?

- Não é a sua, - confirmou a mãe. - Porque a Ássia foi amamentada por mim, e você – pela ama de leite. A sua irmã de leite – a filha da sua ama de leite. Só que a sua ama de leite tinha um menino. Ela era uma cigana e muito má e terrivelmente avara, tão avara que, quando o vovó deu uma vez para ela brincos folheados a ouro em vez de uns de ouro, ela os arrancou das orelhas e pisoteou tanto contra os ladrilhos que depois não conseguiram achar nada.

- E aquelas meninas, que foram assassinadas depois, quantas amas de leite tinham? - perguntou Ássia.

- Nenhuma, - respondeu a mãe, - a mãe delas as amamentava ela mesma, por isso, talvez, é que amava tanto e não conseguia escolher nenhuma e disse para aquele bandido: "Eu não posso escolher, e não escolherei nunca. Mate nos todas de uma vez". - "Não, - disse o bandido, - eu quero, que você sofra por muito tempo, e não matarei as duas, para que você sofra eternamente, por essa – ser a escolhida, e aquela... Então, qual?" - "Não, - disse a mãe. - Antes você morrerá, aqui na minha frente, de velhice ou de ódio, do que eu – eu mesma condenarei uma das minhas filhas à morte".

- E da qual, mamãe, ela mesmo assim tinha mais pena? - não agüentou Ássia. - Porque uma era doentia... Comia mal, e não comia quibe, e não comia feijão, e por causa de bacalhau ela até ficava enjoada...

- Sim! E quando lhe davam caviar, ela besuntava com ele embaixo da toalha, e cuspia a savelha mastigada na mão de Augusta Ivanovna... E de todo em baixo da cadeira dela havia sempre um lixão, - eu, com ódio.

- Mas para que ela não morresse acidentalmente de fome, a mamãe sempre se ajoelhava na frente dela e dizia: "Mas pelo amorrr de Deus, mais um pedacinho: abre, minha alma, a boquinha, eu te dou esse pedacinho!" Significa que a mamãe a amava mais!

- Possivelmente... - disse a mãe honestamente, - isto é, tinha mais pena, nem que seja por ter a amamentado tão mal.

- Mamãe, não esqueça sobre a apendicite! - preocupada, Ássia. - Porque a mais nova, quando lhe bateram os quatro anos, - então ela se bateu contra uma pedra, e fez-se nela uma apendicite – e ela, provavelmente, morreria – mas de noite veio o doutor Iarho – de Moscou – e até sem gorro e guarda-chuva, - e estava chovendo até granizo! - e ele estava completamente molhado. Isso – verdade – mamãe, um santo homem?

- Santo, - disse a mãe com convicção, - mais santo eu nunca encontrei. E junto a isso – completamente doente, e poderia então ter se resfriado até a morte, pois que tempestade! E ainda, pobrezinho, então caiu daquele jeito bem na frente da casa...

- Mamãe! E porque ele não ficou com apêndice? Porque ele é médico – sim? E quando um médico fica doente – quem vai salvar ele? Simplesmente – Deus?

- Sempre – Deus. E então, você –Deus. Por meio do doutror Iarho.

- Mamãe, - eu, cansada de ouvir sobre Ássia, - e porque, se ele é santo, ele sempre diz em vez de barriga – pança? "Então, Mússia, a pança tá doendo de novo?" Isso não é não decente?

- Não habitual, - disse a mãe. - Possivelmente, o ensinaram assim na infância?.. Claro, é estranho. Mas com um coração desses, tudo é permitido. Não só isso é permitido. E eu sempre, enquanto eu mesma estiver viva, vou colocar uma vela pela saúde dele.

- Mamãe, e aquelas meninas, ficaram mesmo por matar? - depois de um longo silêncio geral perguntou Ássia. - Ou ele simplesmente se entediou, porque ela ficou pensando por tanto tempo, e ele foi assim - embora?

- Não foi, - disse a mãe. Não foi, mas disse a ela o seguinte: "Vamos acender na igreja duas velas, uma será..."

- Mússia! E a outra - Ássia!

- Não, não há nomes nesse conto de fadas. "...A esquerda será a mais velha, e a direita – a mais nova. A que queimar primeiro, aquela é que..." Pois então. Pegaram duas velas, perfeitamente iguais...

- Mamãe! Não existem iguais. Uma era, mesmo assim, um pouqui-inho, uma migalhi-inha...

- Não, Ássia, - já com severidade disse a mãe, - eu te digo, perfeitamente iguais. "Acenda você mesma", - disse o bandido. A mãe, depois de se benzer, acendeu. E as velas começaram a queimar – iguais, e até mesmo como se não diminuíssem. Já anoiteceu, e as velas ainda queimam: uma não menor nem maior que a outra, duas velas – como dois gêmeos. Só Deus sabe, quanto tempo ainda vão queimar. Então o bandido disse: "Vai para casa, e eu vou para a minha, e de manhã, assim que o sol nascer, nos dois viremos aqui. Quem chegar primeiro – vai esperar o outro".

Saíram e trancaram a porta com um fecho enorme, e colocaram a chave sob uma pedra.

- E o bandido, mamãe, é claro, chegou correndo antes? - Ássia.

- Espere! Amanheceu, nasceu o sol. E então, um não mais cedo que o outro, um não mais tarde que o outro – de dois lados diferentes – o bandido da esquerda, a mãe da direita – porque da igreja saíam duas estradas perfeitamente iguais, como duas mãos, como duas asas – e então por estradas diferentes, de dois lados diferentes, no mesmo passo, no mesmo segundo à igreja – e na frente da igreja – nasceu o sol! - o bandido e a mãe. Abrem o fecho, entram na igreja, e - ...

- Uma vela queimou toda: pre-eta! E a outra ainda um pouqui-inho... - preocupada, Ássia.

- As duas pretas, - sobriamente, eu. - Porque, é claro, durante a noite as duas queimaram, mas como ninguém viu - então começaram tudo de novo.

- Não. As duas velas queimavam iguais, uma não menos que a outra, uma não maior que a outra, sem queimar nem um pouco, sem queimar nem um tantinho... Como botaram ontem – continuaram assim mesmo. E a mãe ficou lá, e o bandido ficou lá, e quanto eles ficaram assim – não se sabe, mas quando ela voltou a si – o bandido não estava – como e para onde foi – não se sabe. Não o viram mais também no castelo dos bandidos. Somente depois de alguns anos, entre o povo correu um boato sobre um certo santo eremita, que vivia numa caverna, e...

- Mamãe! Era o bandido! - gritei eu. - Isso sempre acontece assim. Ele, claro, virou o melhor na terra, depois de Deus! Só que é uma pena.

- Do que – pena? - perguntou a mãe.

- Do bandido! Porque quando ele, assim, como um cão espancado, - se arrastou – sem nada! - ela, é claro... se fosse eu, claro, me apaixonaria terrivelmente por ele: levaria ele para casa, e depois certamente o tomaria por esposa.

- Por esposo, - corrigiu a mãe. - Tomam por esposa - homens.

- Porque ela o amava também pela frente, só que ela já estava casada, como Tatiana. (**)

- Mas você se esqueceu completamente de que ele matou o marido dela, - disse a mãe, perplexa, - será que é possível se casar com o assassino do pai dos próprios filhos...

- Não, - disse eu. - Ela então ficaria com muito medo à noite, porque aquele então ficaria aparecendo para ela com a cabeça cortada. E começariam uns barulhos. E pode ser que as crianças adoeceriam... Então, mamãe, eu mesma me transformaria num eremita e ficaria morando na sarjeta...

- Mas e as crianças? - perguntou a mãe, bem profunda. - Será que pode abandonar os filhos assim?

- Bem, então, mamãe, eu começaria a escrever versos no caderno dele.


(*) Mússia cita a Tatiana de “Eugene Onegin”, de Pushkin: “Mas eu fui entregue ao outro, e serei fiel a ele eternamente”. “Ciganos” é um outro poema deste autor.

(**) Outra alusão à Tatiana. Era uma jovem que havia se apaixonado por um rapaz e declarado o seu amor a ele (um ato muito ousado para a época), mas foi repudiada. Alguns anos mais tarde, eles se reencontram, e ele se apaixona por ela. Mas ela já está casada, e recusa.

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Jigokuhen - Ryūnosuke Akutagawa

... A mente criadora, uma faísca casual na carruagem dos mundos e tempos, é capaz de evocar do infinito e disforme caos algo denominado beleza. Sendo transitória, ela por algum motivo atrai os homens, tal como a chama atrai as mariposas - como se nela houvesse a marca da imortalidade e da eternidade além do tempo e do local. Não é mais que uma ilusão - a beleza fenece tal como o restante. Mas por isso é mais surpreendente ainda o seu poder de vida e de morte...
... Uma dama da corte do senhor de Horikawa assim conta a história daquelas magníficas pinturas...
... Yoshihide, pintor na corte do nobre senhor de Horikawa, amava no mundo todo somente a arte e a sua jovem filha, bela e gentil. Era um grande mestre, conhecedor dos mistérios da beleza, e capaz de encarnar em cores qualquer alegria e qualquer tristeza, e um velhote repugnante, ranzinza e malvado. Dizia-se que torturava os alunos e os servos para dar mais realismo às suas telas.
... Na corte, havia um macaquinho, que fora chamado de Yoshihide, em escárnio, pois o mestre muitas vezes era comparado a um macaco, por suas deformidades e por seu caráter. Um dia, o macaco roubou algumas laranjas, e a jovem protegeu-o do castigo, pois era somente um animal, e ainda levava o nome do seu pai. Ao ouvir sobre esta história, senhor de Horikawa admirou imensamente a bondade da jovem, o respeito e o amor filial desta.
... A filha de Yoshihide recebeu muitas honras na corte, sem contudo despertar inveja, pois era gentil e meiga com todos. O pai, porém, não estava contente e desejava que a filha se afastasse das tentações da corte. E, ao trazer uma pintura que havia sido encomendada pelo senhor de Horikawa, pediu que este a dispensasse. Mas este recusou, temendo que o amor possessivo do pai prejudique a jovem: corriam boatos de que este chegava a ponto de contratar bandidos para matarem aqueles que se atreviam a cortejá-la.
... O senhor de Horikawa ordenou que Yoshihide pintasse em seda todos os tormentos do inferno. No início, o trabalho ia bem: o pintor havia já desenhado as chamas do inferno, e os pecadores atormentados, e os demônios, que o perseguiam em sonhos. Faltava algo, porém.
... Dois – não, três pares de olhos seguindo um vulto feminino. Sussurrando as mesmas palavras...
... E a sua filha definhava, talvez triste por causa do pai, ou quem sabe por causa de alguma outra pessoa. Um dia, uma dama estava passeando a noite e ouviu vozes. Ao abrir a porta, encontrou a filha de Yoshihide, com as roupas em desordem, e ouviu passos de alguém em fuga. Porém a jovem jamais confessou quem tentou molestá-la.
... Yoshihide pediu um imenso favor ao senhor de Horikawa. Não estava conseguindo desenhar a carruagem em chamas, com uma mulher em seu interior, que, segundo seu plano, deveria estar no centro da tela. Precisava de um modelo. Talvez o senhor poderia atear fogo a alguma carruagem... E talvez, ele não queria pedir demais, mas quem sabe isso seria possível... O senhor termina o pensamento do pintor, com uma risada. Desejando dar uma lição no velho malvado, que por causa de uma tela pretendia matar de forma cruel uma mulher inocente, ordenou queimar, para o pintor, uma carruagem junto com a sua amada filha...
... A tela foi terminada.
"A vida humana não vale nem um único verso de Baudelaire".
... E isso também é beleza, e nisso também há beleza, não tenha medo, tudo vai passar... Tudo passa.
... Um monge diz - são verdadeiramente as chamas do inferno. E o nobre sorri, e confirma, e diz que o velho pintor está certo, e mais uma vez certo, isso tem sentido. Árvore de facas e chamas infernais, mas enquanto for possível desenhá-los assim, isso tem sentido. E o pintor, o pintor enforca-se.

Do outro lado do mundo, uma jovem cigana dança em frente a uma imensa catedral. Dois – não, três pares de olhos seguem-na.

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Caixinha de tesouros





Rosas.






Mitternacht.













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Família

No jantar, estabelecemos construir uma catapulta no jardim, duas vozes a favor, uma abstenção. Também discutimos o uso da pimenta branca no peixe. Falei que tinha gosto de massinha de modelar. Mãe negou. Pai disse que nunca comeu massinha de modelar para comparar. Mãe disse que nunca comeu, só lambia os dedos depois de brincar.

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Maphia

Sim, com ph.
Concordo com o meu conterrâneo americano. "Waterproof".
Faz toda a diferença.

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domingo, 4 de janeiro de 2009

Descobri Ryunosuke Akutagawa.
O conto da tela do inferno é perfeitamente sublime. Desde que descobri a diferença entre ficção e história, poucas vezes odiei tanto um personagem.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Conde Devier

Conde Anton Devier, Antônio Manuel de Viera. Judeu português. Primeira profissão - pirata. Foi recolhido por Pedro I na Holanda, entre outros apetrechos úteis. Fez uma boa carreira - até chefe da polícia de São Petersburgo e título de conde, e caiu da altura de tudo isso até os confins da Sibéria por não ter conseguido dividir alguma coisa com o genro.
Ano de nascimento é desconhecido. Local idem. Variação de 12 anos, de Portugal à Holanda no espaço - e isso se pudermos confiar em algum dos documentos. A morte é um assunto ainda mais obscuro, pois pouco antes "tirou férias" por motivo de doença. Meio que morreu e foi enterrado. O túmulo foi destruido por uma enchente, se é que existiu.
Em São Petersburgo, era considerado uma criatura diabólica - tudo bem, o que mais esperar do chefe da polícia... O modo de vida noturno também é compreensível, o trabalho exigia. Mas os boatos de que ele não aceitava propinas porque não suportava prata...

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Me deixa possessa...

Quando estou jantando com alguém, a pessoa atende o telefone e fica falando por horas a fio.

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